sábado, 9 de janeiro de 2016

Criptozoologia - O Cão de Mons



Durante a 1ª Guerra Mundial, os conflitos e tensões políticas estavam fervendo por todo o mundo. Aos soldados, separados de suas famílias e obrigados a servir nas fronteiras de seus países, as lendas eram comuns. Alguns homens sonhavam com anjos pairando dos céus para salvar a humanidade, enquanto outros acreditavam em contos de fantasmas e demônios cruéis e canibais, que eram usados pelos países inimigos para esmagar seus adversários. Mas em meio a nuvens de falsas lendas e boatos, uma arrepiante lenda pairava em torno de uma pequena cidade da Bélgica, chamada Mons.

Tudo aconteceu no fatídico ano de 1914, quando as tropas alemãs ocuparam Mons, e os britânicos, no que foi sua primeira incursão durante a Primeira Grande Guerra, corajosamente marcharam rumo à pequena cidade belga para tentar libertá-la. A Força Expedicionária Britânica estava em grande desvantagem numérica, e rapidamente sofreu com muitas baixas, e logo, a batalha se tornou uma guerra de trincheiras, perigosa para ambos os lados.


Para quem não sabe, a faixa de terra entre as duas trincheiras, é conhecida como "terra de ninguém". Este termo foi usado principalmente na I Guerra Mundial, e se refere à área disputada, que se situa entre as trincheiras, que ambos reivindicam mas tem medo de ir pegar, digamos assim. As terras de ninguém eram fortemente defendidas pelos dois lados, e qualquer movimento do grupo inimigo resultava em uma chuva de balas, bombas, minas terrestres, arames farpados e qualquer outro armamento, garantindo assim, a neutralidade dessa zona, salvo nos momentos de trégua, onde os grupos podiam se aventurar por essa faixa de terra para recolher feridos e os corpos dilacerados de seus combatentes.

Bom, foi durante essa guerra de trincheiras, bem na terra de ninguém, que surgiu a história de um animal feroz que espreitava as bordas de arame farpado e que não hesitava em matar soldados britânicos e alemães; um enorme cão que veio a ser conhecido como o The Hound of Mons, ou O Cão de Mons. O conto de The Hound of Mons foi originalmente trazido à atenção do público em 1919 por um veterano de guerra canadense chamado FJ Newhouse, que trouxe de volta o conto macabro do campo de batalha. A história foi originalmente publicada em uma edição de 1919 do Ada Evening News de Oklahoma, mas logo foi pego por outras publicações da época. Segundo o relato, o incidente começou quando o capitão Yerkes e quatro homens dos Fuzileiros de Londres enfrentaram os perigos da terra de ninguém, afim de realizar uma patrulha da área. A patrulha nunca mais voltou. Isso não era estranho em si, lembre-se esta foi uma batalha sangrenta durante a Primeira Guerra Mundial, mas quando os corpos dos homens foram encontrados vários dias mais tarde, descobriu-se que algo havia rasgado suas gargantas e deixado marcas de dentes, que haviam praticamente escancarados os cadáveres. Uma noite, poucos dias depois desse ocorrido, foi relatado que os soldados de ambos os lados ouviram um uivo monstruoso, dito como "perfurante", que emanou da escuridão da terra de ninguém. O uivo era supostamente tão assustador que alguns soldados que enfrentaram a batalha por dias, tremeram nas bases e consideraram recuar no mesmo instante.


Durante os dias que se seguiram mais patrulhas partiam para a terra de ninguém, apenas para serem encontrados mais tarde, totalmente desfigurados, em um estado semelhante ao primeiro caso. Os gritos angustiados ocasionais vindos do lado alemão pareciam indicar que eles estavam sofrendo ataques semelhantes. Os rugidos noturnos assustadores também aumentaram de frequência, e foi nessa época que alguns soldados de sentinela ao longo das bordas da terra de ninguém relataram ter visto um enorme cão cinzento escondendo-se sobre as sombras do abismo devastado pela guerra entre os dois inimigos. Durante dois anos, o cão rondou o campo de batalha de Mons, ganhando uma crescente lista de vítimas e incutindo horror nas tropas. Então, tão repentinamente quando apareceu, o cão sumiu sem deixar pistas, e com ele, os ataques cessaram.

Porém, a história por trás do Cão de Mons é mais bizarra do que se pode imaginar. Newhouse também alegou, não só que o Cão era real, como também afirmou que ele era resultado de um experimento militar alemão para a criação de armas biológicas. De acordo com Newhouse, um cientista alemão chamado Dr. Gottlieb Hochmuller vinha desempenhando uma série de experimentos para desenvolver uma arma poderosa para enfrentar a guerra em favor da Alemanha. Ele andava de um manicômio para outro afim de encontrar alguém que havia enlouquecido de ódio pela Inglaterra. Ao encontrar um assassino louco que se adequasse ao desejado, o cientista então extraiu cirurgicamente o cérebro do homem com o consentimento do governo alemão e inseriu no crânio de um Wolfhound Siberiano. O louco morreu, mas o cão cresceu poderoso e notório. Uma vez treinado, ele foi posto em liberdade para caçar soldados britânicos no campo de batalha de Mons. Consta ainda que o cão foi alterado geneticamente para ser maior do que um cão da raça poderia ser, e que sua capacidade de odiar tinha sido quimicamente reforçada. Sua pele também fora modificada para ser imune a balas. Newhouse disse em um artigo de agosto de 1919 edição do Oklahoman:

"A morte de Dr. Gottlieb Hochmuller nos recentes tumúltos em Berlim trouxe à luz fatos relativos à aplicação perversa de suas habilidades, que surpreendeu toda a Europa. O cão de Mons não foi um acidente, nem um fantasma, tampouco uma alucinação; foi o resultado deliberado de uma das experiências científicas mais estranhas e repulsivas que o mundo já conheceu."

Newhouse alegou que documentos haviam sido encontradas após a morte do Dr. Hochmuller, e que estes documentos delinearam completamente todo o experimento, bem como os desejos do médico em libertar a besta em tropas aliadas, provando plenamente que os experimentos eram reais. Eles não explicavam, porém, se o cientista havia previsto que seu cão maníaco se voltaria contra seu próprio lado, ou que fim levou a criatura.

Infelizmente (ou felizmente), nunca mais se ouviu falar nos tais documentos ou no Cão de Mons. Aliás, não há quaisquer documentos que provem a existência do animal, nem do tal cientista responsável pela sua criação. Por enquanto, a criatura tem o que basta ter a sua posição entre os muitos mitos e lendas dos antigos campos de batalha.

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